DESMANDAMENTOS
1. Ame a Vida sobre todas as coisas.
2. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham do teu próprio coração.
3. A felicidade está dentro de você: não a procure em nenhum outro lugar.
4. O amor livre é a mais religiosa de todas as orações.
5. Deus é a única porta para a verdade.
6. A vida só existe aqui e agora.
7. Não corra: dance.
8. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
9. Viva acordado, em todos os sentidos.
10. Pare de buscar: o que é teu já te pertence.
AVENTURA
Eu quero agora te propor uma aventura:
Imagine que hoje é o teu último dia de vida.
Faça tudo o que você mais gostaria de fazer hoje — antes de morrer. Dê um pouco de atenção àquilo que realmente importa. Desfaça-se de tudo que não presta. Jogue fora todas as quinquilharias. Desapegue-se das bugigangas. Despreocupe-se. Olhe bem as tuas coisas, avalie calmamente os teus sonhos e projetos, sobrevoe o teu mundo. Despeça-se (mentalmente, se for o caso) dos teus amigos e dos teus amores preferidos. Em seguida, escolha os maiores prazeres que você puder imaginar — e sinta-os, em todos os Sentidos. Procure cometer até mesmo aquelas pequenas loucuras que você vem sempre adiando — por medo, por vergonha ou por preguiça.
E lembre-se: só hoje é hoje.
Por isso é que hoje tem que ser um dia inesquecível!
EU FALO DE AMOR
Eu falo de Amor e Liberdade. Por isso meu verbo não se admira: só causa espanto. Acontece que escrevo para loucos brilhantes e livres de espírito. Aqueles cujos espíritos são meio escravos ou cujas loucuras não brilham tanto, talvez não gostem do que eu digo. E nem devem mesmo gostar. Minha literatura é feita de excessos. Tem cadência, alegria e pulsação... Como já disse, eu falo de Amor e Liberdade — e sei como se ama. Mas não pretendo ensinar nada a ninguém. (...) Não busco aprovação alheia, nem quero aplausos. Só quero provocar intelectualmente as pessoas criativas, como suponho você é. No fundo, eu quero apenas questionar todas as verdades, esmagar todas as convicções — inclusive as tuas, mas especialmente as minhas.
JAMAIS ILUDA O TEU AMOR
Eu disse "Jamais iluda o teu amor", mas fico pensando. E se o teu "amor" é um ditador? Se aquele teu amor, antes tão maravilhoso, acabou virando um ditador? O que fazer? Meu conselho: abandone-o, simplesmente. Ou fuja dele. Contudo, se as circunstâncias ainda não permitem, faça teatro. Engane-o. Ditadores merecem ser enganados.
OLHAI OS LÍRIOS DO CÉU
Eis uma verdade incontestável: todos os grandes mestres — religiosos ou não — desde os primórdios da História, nos dizem que o apego é a doença mais grave que pode acometer um ser humano. Olhai os lírios do campo e os pássaros do céu, dizia um deles. O apego está na origem da corrupção, da inveja, da cobiça, do roubo e do ciúme — entre outras maldades. É uma demonstração cabal de insegurança e falta de personalidade. Entretanto, se você tiver necessidade compulsiva de apegar-se a alguma coisa, apegue-se logo a uma BMW conversível, e não a uma canequinha de lata. Por que amar um crocodilo se você pode amar um Deus? Apegar-se a uma coisinha comum, é imperdoável. É como apegar-se a uma canequinha de lata, ou a um saquinho de tranqueiras... É ridículo.
A VIDA É UMA FLORESTA
Eu abro uma picada na floresta e me dou bem. Eu adoro abrir picadas na floresta. Esta é a minha função preferida. Mas você tem que abrir a sua própria: experiências não se transmitem. Não queira seguir esta que eu abri, nem siga, muito menos, aquela que os normais dizem ser a única. Há milhares — e cada um tem que abrir a sua. Eu posso apenas te emprestar a foice, amorosamente. E te ajudar a afiá-la de vez em quando. O resto é com você.
VITÓRIAS
Tem grandes vitórias que nada significam, pois acabam efêmeras, insossas e sem graça. E tem pequenas vitórias que são doces e graciosas, e nos levam ao pico sublime do êxtase. Então, podemos concluir que a essência da vitória não está no seu tamanho ou impacto inicial, mas sim no seu valor e elegância. Ou seja, a pequena pode ser grande, e a grande, minúscula. O mais importante é saber a diferença entre elas — e gozá-las ambas, sem apego e sem vanglória.
MINHA ALEGRIA É INVULNERÁVEL
Quando alguém expressa um pensamento com o qual eu não concordo — sobre mim ou sobre a vida, sobre amor ou religião, sobre a Dilma ou futebol — não me sinto nem um pouco ofendido. Afinal, são milhares de pessoas pensando e emitindo opiniões a respeito dos mais variados assuntos. (...) Portanto, seria insensato estressar-me a partir dessas alheias conclusões. Respeito as opiniões, mas deixo-as onde estão, pois seria um absurdo condicionar o meu humor a esses múltiplos estímulos. Minha alegria é invulnerável. Sofismas não me atingem. Cada um de nós é um ser único. O que é bom para o outro pode ser péssimo para mim — e vice-versa. Cada um de nós pensa com sua própria cabecinha. Suponho. E sugiro que você encare as críticas também da mesma forma.
O domínio absoluto sobre os meus estados de espírito é minha maior conquista como ser humano. Há mais de vinte anos que não perco a calma. Há mais de vinte anos que não brigo, não xingo, nem fico com nozinho na garganta. Não há motivos que me abalem.
Como consigo? — você pode perguntar.
É muito simples: dou valor secundário às coisas secundárias, e considero secundário tudo aquilo que não tem o poder de causar mudanças significativas no rumo da minha vida.
É muito simples — e é uma delícia!
Experimente.
SEM MEDO E SEM CONTROLE
Sem sono, sem fome, sem culpa e sem dor. Sem ciúmes, sem pressa, sem apego e sem pressões. Sem expectativas, sem promessas, sem cobranças. Sem vergonha — e sensível. Sem medo e sem controle, sem ódio e sem juízo. Conseguindo equilibrar-me no instável, no insólito, e no incerto. Amado com delícia e liberdade, e amando com grandeza e ousadia.
Passageiro numa bela viagem sem destino, percorrendo caminhos ainda não trilhados. Ficando cada vez mais contente, encantado e fascinado com os novos horizontes. Adorando as surpresas todas no momento em que acontecem, e vivendo a primavera em qualquer das estações.
Quebrando barreiras, de modo irreversível.
Ultrapassando limites.
Buscando (e encontrando) a essência de cada coisa nela mesma. Compreendendo as razões também daqueles que não conseguem me compreender. Podendo até ser julgado por minhas atitudes desprendidas e por meu comportamento fora de padrão. Podendo ser julgado, mas condenado — jamais. Vivendo o mais profundo, o mais criativo, o mais sensual, o mais inocente e o mais sagrado período da minha vida. Sugando a doçura de todas as coisas... Vivendo as maiores e melhores paixões da minha vida, e vibrando com tudo que me toca. Sentindo-me a cada momento como se Deus me cobrisse de beijos, flores e estrelas. Dançando nas minhas próprias e nas tuas emoções.
Inundado de carinho e gratidão.
Com a cabeça nas nuvens — e o coração no infinito.
Portanto, o que mais posso eu querer da vida, além de amores breves e brilhantes, crepúsculos cor de abóbora na praia que eu prefiro, óleo de amêndoas doces, dúzias de rosas brancas e vermelhas, duas ou três taças de vinho transbordantes, muita liberdade, alegria, saúde, poesia, gostosura... e tempo livre para viver tudo isso?
O que mais posso eu querer da vida?!